1.18.2010

Falácias no Equador de M. S. Tavares


“- E isso é verdade? voltou Luís Bernardo.

- Bom, parece que depende do ponto de vista, depende do que se entende por mão-de-obra escrava. Em rigor, nós chamamos-lhes contratados, mas o problema está em que todos os anos, em média, são contratados três mil trabalhadores para as roças de S. Tomé e Príncipe e os barcos que os levam regressam vazios. Isto, para os ingleses, é sinónimo de escravatura: se os trabalhadores são recrutados em Angola e não regressam, é porque não são livres. Só faltou chamarem-nos negreiros.”

Falácia da omissão de dados relevantes – o Rei D. Carlos sabia que havia alguma verdade na posição inglesa. Os trabalhadores nas roças eram tratados como escravos, apesar de receberem um salário e assinarem um contrato, eram obrigados a permanecer nas roças.

O ministro das Colónias explicou ao embaixador que os ditos «escravos» eram pagos, melhor tratados e bem melhor alojados do que os trabalhadores das roças inglesas em África ou nas Antilhas e que, em termos de saúde, não havia melhor garantia do que o facto de várias roças terem o seu próprio hospital, inteiramente equipado, coisa impensável em toda a África. Mas não serviu de nada: acicatada pela Associação de Comerciantes de Liverpool, a imprensa inglesa caiu em cima de nós, sem tréguas.”

Falácia informal da petição de princípio - esta falácia ocorre nos argumentos em que se adopta, como premissa, a própria conclusão que se quer demonstrar. Neste exemplo o Rei D. Carlos usa como prova aquilo que está a tentar provar.

(Autor?)

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